Huang Po (Obaku)

sábado, 11 de novembro de 2006

Mondo (27 e 28)

27.

P: O que é o Caminho e como ele deve ser seguido?
R: Que tipo de COISA você acha que é o caminho que faria você desejar SEGUI-LO?

P: Que instruções deram os Mestres por toda a parte para a prática do zen e para o estudo do Dharma?
R: Não se pode confiar nas palavras usadas para atrair os idiotas.

P: Se aqueles ensinamentos destinavam-se aos idiotas, ainda ouço dizerem que o Dharma foi ensinado àqueles com elevada capacidade de fato.
R: Se forem realmente pessoas de elevada capacidade, onde poderiam encontrar pessoas para seguir? Se eles buscarem de dentro deles mesmos, não encontrarão nada tangível e muito menos encontrarão um Dharma que mereça sua atenção em outro lugar! Não olhe para o que é chamado de Dharma pelos pregadores, pois que tipo de Dharma aquilo poderia ser?

P: Se isto é assim, não deveríamos procurar nada de todo?
R: Se você admitir isto, economizaria um monte de esforço mental.

P: Mas deste modo tudo seria eliminado. Não pode apenas não haver nada.
R: Quem chamou isto de nada? Quem foi este cara? Mas você queria BUSCAR algo.

P: Uma vez que não há nada para buscar, porque você também diz que nem tudo é eliminado?
R: Não buscar é permanecer tranqüilo. Quem lhe disse para eliminar qualquer coisa? Olhe para o vazio à frente de seus olhos. Como você pode produzi-lo ou eliminá-lo?

P: Se eu pudesse alcançar este Dharma, ele seria como o vazio?
R: Dia e noite lhe expliquei que o Vazio é tanto Uno quanto Múltiplo. Disse isto como um expediente temporário, mas você está elaborando conceitos a partir disto.

P: Você quer dizer que não deveríamos formar conceitos como os seres humanos normalmente fazem?
R: Eu não lhe impedi, mas os conceitos estão relacionados aos sentidos e, quando os sentimentos ocorrem, a sabedoria se fecha.

P: Então deveríamos evitar qualquer sentimento em relação ao Dharma?
R: Quando nenhum sentimento surge, quem pode dizer que você está certo?

P: Porque você fala como se eu estivesse errado em todas as perguntas que fiz à Sua Reverência?
R: Você é um homem que não entende o que lhe é dito. Que história é essa toda de estar errado?

P: Até agora você refutou tudo o que foi dito. Você não fez nada para nos apontar o caminho do Dharma.
R: No Dharma verdadeiro não há confusão, mas você gera confusão com tais perguntas. Que tipo de “Dharma verdadeiro” você pode continuar buscando?


28.

P: Uma vez que minhas perguntas geram confusão, qual será a resposta de Sua Reverência?
R: Observe as coisas como elas são e não dê atenção às outras pessoas. Há algumas pessoas que são como cães loucos que latem para tudo que se move, latindo até quando o vento agita a relva e as folhas.